quarta-feira, 4 de junho de 2014

“Ninguém ficará para trás, mas cada um terá que fazer a sua parte”



            Quando chamado pelo amigo espiritual, Emmanuel, para iniciar suas atividades mediúnicas, propondo a psicografia de 30 livros ( que passaram de 400 ao final), Chico Xavier assustou-se. Temia não estar à altura do compromisso e também receava ser abandonado pelos bons espíritos. Emmanuel lhe garantiu que isso não aconteceria, desde que ele se dedicasse ao trabalho, ao estudo e ao esforço pelo bem. Emmanuel propôs a Chico três pontos cruciais para o bom desempenho da tarefa: “O primeiro, disciplina; o segundo, disciplina; e o terceiro, disciplina.”
            Demorei um pouco para compreender em sua plenitude este conselho dado a Chico Xavier. Pensava: “As leis universais são imutáveis, somos seres humanos imperfeitos, temos muito a aprender e Deus está com tudo planejado e encaminhado.” Algumas coisas acertei, mas outras errei. E feio. Comecei a questionar-me quanto ao fardo que estava tirando das minhas costas e jogando nas mãos do Criador. As leis naturais realmente são imutáveis, criadas por uma inteligência suprema que, não importando o local nem a dimensão em que se encontram, obedecem aos mesmos princípios e atingem a todos.
Deus é a causa primária de tudo.
             Na atualidade, as ciências, principalmente a Física, dedicam-se ao estudo da GUT (iniciais inglesas para Teoria da Grande Unificação), buscando promover a unificação do conjunto de fenômenos, aparentemente diversos entre si, mas que são, de fato, aspectos de uma mesma coisa.  Galileu Galilei foi o primeiro a formular a teoria de que todos os fenômenos físicos do universo obedecem as mesmas leis -  - "Simetria Galileana" - seguido por Isaac Newton.
            Tanto as leis físicas, como as  lei morais, possuem o princípio da universalidade.  A lei de causa e efeito, a lei de evolução através  do amor são Divinas, imutáveis e atingem a todos. Sábio é aquele que procura descobrir as leis e segui-las. Quem não entende a necessidade de amar a Deus e ao próximo, vive em atribulações até compreender que fomos criados pelo amor para amar.
Quem acredita que pode burlar as Leis Divinas, como burla as leis dos homens, está fadado a ter que recomeçar inúmeras vezes até compreender que Deus é a sabedoria absoluta.
No entanto, como eu disse acima, não é justo jogar todo peso das minhas dificuldades, da minha infelicidade, dos meus problemas nas mãos de Deus. Aprendi que Deus educa as criaturas através das criaturas e que o livre-arbítrio faz toda diferença. São as minhas escolhas que determinam minha vida e não as leis imutáveis do Universo. Muito menos Deus: o que Ele menos quer é que Sua criação sofra e seja infeliz.
Muitos são os chamados, poucos os escolhidos”- disse Jesus! Para ser um dos escolhidos eu pensava que  não podia ter bens materiais, discutir sobre religião, discordar com posições da igreja. Enfim: achava que tinha que ser submissa e, fatalmente, aceitar minha desgraça. Tenho raiva de mim mesma por ter vivido tanto tempo na escuridão, acreditando em dogmas, me enquadrando em leis absurdas, permitido que as “‘alegorias” me enfeitiçassem, sabendo hoje que os escolhidos são os que “andam, caminham, buscam”, cada um em seu grau de evolução. Hoje sei que  a referência era aos “pobres de espírito”, não aos desprovidos de bens materiais. Deus não criaria e nos ofertaria um mundo tão lindo, tão completo, se não fosse para usufruir de sua beleza e de sua riqueza - com responsabilidade, é claro! Não teria permitido aos homens desenvolver sua inteligência, nem a capacidade de descobertas científicas, da criação de máquinas, se não fôssemos merecedores.  A pobreza de espírito é a grande lacuna.
Lei da ação e reação, lei de causa e efeito, evolução, consciência de si mesmo, sobrevivência: é disso que temos que ter clareza. Todas as leis da na- tureza - cósmicas, humanas, espirituais - são projeções da força Criadora, da vida do universo. São leis naturais e imutáveis porque são geométricas, harmônicas, perfeitas e completas, onde não cabe o acaso.
Finalmente, para alívio de minha alma, compreendi que a autoavaliação é o melhor remédio, que olhar-me no espelho e aceitar minhas limitações não é tão difícil. “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”, dizia o patrono da filosofia, Sócrates,  já em 470a.C. Mas o que mais me deixou feliz é que aprendi a adorar a Deus RACIONALMENTE, com discernimento, sem idolatria, sem culpá-Lo pelos meus tropeços, sem exigir-Lhe além do meu merecimento; muito menos culpar-me tanto pelas minhas falhas, afinal de contas, se eu não as tivesse não estaria aqui, nesta nova experiência. Estaria numa outra dimensão.
É! “Ninguém ficará para trás, mas cada um terá que fazer a sua parte!” E ter “disciplina, disciplina, disciplina”, facilita, e muito, esta tarefa!

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