A Biblioteca deste educandário tem o nome " Olavo Bilac", numa clara homenagem a este poeta parnasiano brasileiro. Quando ainda era chamada de " Escola Normal", dirigida pelas irmãs da Congregação Notredame, foi-lhe atribuído este nome numa votação feita pelas dirigentes. Era de praxe escolher-se nomes de personalidades de renome nacional, que tivessem algum reconhecimento em alguma área específica ou em várias, como era costume entre os estudiosos deste período.
Quem foi Olavo Bilac?
Olavo ( Braz Martins dos Guimarães) Bilac nasceu no Rio de Janeiro em 16 de dezembro de 1865; faleceu na mesma cidade em 28 de dezembro de 1918. Cursou a faculdade de medicina até o 4º ano, quando desistiu para fazer direito. Sem vocação também para a carreira jurídica, abandonou o curso alguns meses depois e passou a se dedicar ao jornalismo e à literatura. Participou da vida política do país, patrocinando campanhas cívicas, como a do serviço militar obrigatório. Criou na Academia Brasileira de Letras a cadeira nº 15, que tem como patrono Gonçalves Dias.
Bilac é o mais popular representante da chamada tríade parnasiana, da qual fazem parte ainda Raimundo Correia e Alberto de Oliveira. impregnado pelo humanismo clássico, foi adepto do " culto da forma". Para ele, a beleza era um ideal supremo, uma deusa cujo " templo augusto" não podia ser profanado, Essa obsessão formal levou-o a especular sobre os limites da palavra para traduzir as angústias e perplexidades humanas. [... ] " O PENSAMENTO FERVE, E É UM TURBILHÃO DE LAVA:/ A FORMA, FRIA E ESPESSA, É UM SEPULCRO DE NEVE..." escreveu.
[...] Opondo-se ao romantismo, escola literária que antecedeu o Parnasianismo, que revestem a mulher de transcendência e impossibilidade, Olavo opta por um sensualismo de fundo pagão. Nessa perspectiva humana e terrena desfaz-se a noção de pecado, pois " mais eleva o coração do homem/ Ser de homem sempre e, na maior pureza,/ Ficar na terra e humanamente amar." A postura antirromântica não impede que vez por outra ele cultive as suas " cismas" impregnadas de nostalgia, das quais não está ausente o sentimento de culpa. ( Chico Viana, In: revista Língua/set.2013)
Remorso
Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.
Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!
Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,
Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!
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