Quem sou eu e quem é o outro? Até que ponto
eu vejo o outro como outra pessoa, até que ponto perco a objetividade e
o vejo como um espelho de mim?
Todos nós tendemos a projetar coisas de
nossas almas sobre as outras pessoas, em maior ou menor grau, e em alguns
momentos específicos. Convém avaliarmos melhor, sempre, se aquilo que tanto
criticamos ou elogiamos em nosso próximo está realmente no outro ou se é
algo nosso que se encontra projetado. O momento da autoanálise pode ser
um maravilhoso momento de complementaridade, em que nos confrontamos conosco
mesmos ou um momento em que surge alguém com as peças que faltavam para montarmos
um quebra-cabeças, suave ou dolorosamente,mexendo em nossas feridas.
Não mais que de repente, algo imprevisível
pode acontecer e mudar o rumo das coisas. Saber quem sou eu e quem é o outro fará
toda diferença num momento desses: mostrará que mesmo com a certeza do outro ao
nosso lado, somos seresúnicos, com peculiaridades e história própria. Não somos
uma ilha em si, pois temos o outro, mas somos uma ilha em nós.
O livro “ A
Culpa é das Estrelas”, à princípio, não estava na relação dos que eu leria
nos próximos meses, no entanto, durante a semana, por várias vezes ouvi alguém
falando, comentando sobre ele, até que uma aluna me falou do filme que estava
em cartaz. Além de falar do filme, ainda me emprestou o livro para ler.
A história gira em torno de Hazel, uma
adolescente com câncer terminal. Em uma reunião de um grupo de apoio a crianças
com câncer, ela conhece Augustus, um jovem bonito, bem humorado e que causará
uma reviravolta na vida Hazel. Do câncer, Hazel e Gus tiraram a lição que não
há tempo para lamentações, pois o tempo, principalmente o deles, é curto. Hazel
sonha em conhecer o escritor holandês Peter Van Houten e Gus vai ajudá-la a
realizar seu sonho. Juntos, com a mãe de Hazel, ambos vão para Amsterdam, onde
mora o enigmático escritor, em uma aventura contra o tempo.
O grande trunfo do livro é a maneira
como a trama é narrada pelo autor. John
Green consegue contar a história de uma maneira leve, bem
humorada e sutil. O livro é fantástico. A maneira como o autor expõe a doença, o
diagnóstico, a esperança de cura, a desesperança, as questões do aqui e agora,
o que esperar da vida, a luta... A presença do outro em momentos tão especiais
quando tudo parecia perdido.A presença do eu quando tudo parecia perdido.
A grande questão que me prendeu foi o
título: Será que a culpa é mesmo das estrelas? Tantas e tantas coisas acontecem
sem que estejamos preparados. Muitas vezes vemos coisas acontecendo com outras
famílias e achamos que nunca acontecerão na nossa. Muitas vezes olhamos com
desdém, culpamos e julgamos sem saber ao certo o motivo do ocorrido. Tantas
vezes a vida vem de forma sutil nos avisar para aprendermos, mas não
aprendemos. Aí vem a dor. “Esse é o
problema da dor (...). Ela precisa ser sentida”. A vida é extremamente
curta. Hazel teve que aprender da pior forma:“A dor estava sempre
presente, me puxando para dentro, exigindo ser sentida” são palavras dela numa parte do
livro.
Como engrandecemos quando a dor se faz
presente. A sensação de alívio pós-dor não tem explicação. E para mim, a dor
mais doída é a da alma, do espírito. “Que
o convívio comigo mesma seja ao menos suportável,” pois eu sou meu peso e
minha medida, minha salvação e minha perdição. Tenho que concordar com a
protagonista quando diz: “Sem dor, como
poderíamos reconhecer o prazer?”
Pois é! Hazel teve um final feliz. E a
culpa não é das estrelas, mas dos pensamentos de Hazel que, em sua turbulência,
não conseguia organizá-los em constelações. A grande lição do livro é que é nos dias mais sombrios que o Senhor coloca
as melhores pessoas na nossa vida.Que valha a lição para todos que lerem o
livro ( que eu indico), pois às vezes
parece que o universo quer ser notado.
DICA DA SEMANA
Para mim ou para eu?
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Para eu: Eu é um pronome pessoal reto, devendo ser utilizado quando assume a
função de sujeito. Assim, para eu deve ser utilizado sempre que se referir ao
sujeito da frase e for seguido de um verbo no infinitivo que indique uma
ação.Exemplos:Era para eu fazer esta
proposta.
#
Para mim: Mim é um pronome pessoal oblíquo tônico, sendo ser utilizado quando
assume a função de objeto indireto, devendo estar sempre precedido por uma
preposição. Assim, para mim deve ser utilizado sempre que se referir ao objeto
indireto da frase.Exemplos:Este presente é para
mim.