quarta-feira, 7 de maio de 2014

“ DE PERTO NINGUÉM É NORMAL...!”



A frase-título deste artigo é de uma música de Caetano Veloso e consegue relatar o que realmente acho dos seres humanos. Muitos tentam seguir na normalidade, se dizendo tradicionais, dentro dos bons costumes, mas não percebem que em qualquer adversidade, ou quando são acuados, ou seus interesses ameaçados, surge um outro das entranhas que estava somente dormindo.
O bem e o mal existem dentro de cada um de nós. Eles não estão em nós em estado absoluto, mas todos nós somos um pouco dos dois. Dependendo da circunstância, escolhemos entre um e outro. O que nos diferencia dos outros animais e o que nos dá a característica de sermos bons ou maus é o senso de moralidade que nos é inerente. Ao contrário, por exemplo, do cachorro ou do cavalo, o homem, à princípio, sempre sabe quando está fazendo uma ação boa ou ruim. A moralidade é universal na humanidade. Ela não muda de cultura para cultura. Qualquer homem, de qualquer cultura, sabe o que é certo ou errado e o que é uma ação boa ou má.
O fato dos homens terem uma moralidade em comum, no entanto, não os iguala em suas ações. Significa apenas que eles têm um ponto de partida em comum para, a partir dele, fazerem as suas escolhas morais. Em determinada circunstância, alguns escolhem ser bons, outros escolhem ser maus. Em outras circunstâncias, as escolhas são feitas novamente. As escolhas nem sempre são livres: pessoas podem agir de determinada forma porque são tementes a Deus ou porque temem represálias humanas, ou ainda, as escolhas podem ser limitadas por diversas contingências da vida. As escolhas entre ser bom e ser mau são feitas quando interagimos com outras pessoas. Em todas as esferas da vida interagimos com outras pessoas. Dessas interações nascem relações de poder, pode ser no âmbito familiar, do trabalho, ou em qualquer outro.
            As pessoas para se manterem no poder tendem a agir maquiavelicamente. Maquiavel em sua obra-prima O Príncipe diz que o objetivo principal de uma pessoa em posição de poder deve ser: “se manter no poder.” Ele lembra que um Príncipe deve agir de forma pragmática para se manter no poder, ou seja, sem pensar em imperativos morais. As ações devem ser sempre dissimuladas, às vezes cruéis, às vezes covardes, às vezes generosas quando se quer algo em troca. Não importa o valor moral delas: isto é irrelevante. Tudo deve ser feito para o Príncipe se manter no poder. E quantos Príncipes vivem entre nós, fazendo de tudo para manterem- -se no poder? Diz uma frase, que não lembro de quem é a autoria: “Dê poder a uma pessoa se queres conhecê-la.” Algumas pessoas não conseguem nem sequer disfarçar o vislumbre que o status e o poder lhes dão: o ego, simplesmente, infla e as atitudes chegam a assustar. Eu penso: era um vulcão em repouso e agora em erupção solta a lava sem direção. Salve-se quem puder (e quem quiser)!
Quem opta por agir maquiavelicamente faz uma escolha legítima. Afinal, é melhor mandar que obedecer e só manda quem detém poder. Obviamente, também existem desvantagens em agir desta forma. Muitas desvantagens, pois o senso de moralidade existe até no Príncipe maquiavélico.
Mas, afinal, não devemos tratar aos outros da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados? Esta também é uma forma de ação legítima. O que impede, então, as pessoas agirem desta forma? O fato dessa atitude ser essencialmente desinteressada: agimos assim porque sabemos que é o correto, não porque estamos visando um ganho próprio. Além do mais, ela requer uma consideração aos interesses alheios e até mesmo uma cessão de poder a outras pessoas, coisa difícil de se fazer quando o interesse próprio fala mais alto.
No tempo em vivemos acredito que é certamente nosso dever “fazer todo o bem que pudermos, para todas as pessoas que pudermos, e de todos os modos que pudermos”. Mas a escolha é de cada um: O Bem e o Mal estão sempre à espreita.

DICA DA SEMANA
Na manchete de uma revista com previsões astrológicas dizia: Como será seu futuro daqui pra frente? Autores de frases como essa não podem esperar muito de seu futuro, a não ser que se corrijam. Ao pensarem como foi seu passado daqui pra trás, não encontrarão forças daqui pra frente, rumo ao futuro...


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