“ É PRECISO CONTINUAR A ACREDITAR EM
ROSAS...”
“ Colham seus botões de rosas enquanto viçosos”, dizia o professor John Keating no
célebre filme “ Sociedade dos poetas Mortos”. Por muitas vezes iniciei o ano
letivo pronunciando esta frase e completando com o famoso “ Carpe Diem”(
aproveite o dia) ,mas hoje quero dirigir-me aos colegas professores para lhes
dizer que é preciso continuar acreditando em rosas e aproveitando o dia.
O
Prof. Dr. Romão que escreve editoriais para a revista “ Tantas
Palavras”, publicou um texto que acho propício para este início de trabalhos
escolares, no qual ele coloca que um professor se faz com o tempo, com as
marcas de aulas, escritos, leituras, exercícios construídos em uma linha de
saberes que são gestados como bebê no útero. Como botão de rosa que demora dias
para se abrir, e não adianta apressar, gritar ou pedir clemência de espera: o
instante da rosa se abrir precisa de outro dia para dar corpo à flor; ao
docente/mestre, cabe algo parecido. O desejo de ensinar pode até estar posto em
princípio, antes mesmo de entrar em uma sala de aula, mas o ato de se apossar
do lugar de docente/mestre é algo que demora, reclama uma série de
investimentos miúdos e contínuos no dia-a-dia que passam pela formação
continuada e pela persistência em querer
encantar. É preciso sentar diante da folha em branco e
sentir o medo de escrever para poder experimentar o outro lado da janela, o
papel de aluno em sua construção. Também faz-se necessário estudar com caneta
em punho, dedicar-se a planejar, a executar, avaliar. Carlos Drummond dizia “aprendi novas palavras e tornei outras mais
belas” – este é o mote para pensarmos no papel de docente/mestre: nós é que
aprendemos, conseguimos esticar horizontes de palavras, permitir a nós mesmos a beleza de conhecer e
reconhecer-nos na descoberta. Nada mais do que isso já seria suficiente para
deixar com inveja todos os outros profissionais, pois somos aqueles e aquelas
que tornam a palavra mais bela e aprendemos com isso. Meus colegas, não permitamos que o tédio, que as práticas
repetitivas, o cansaço de tanto esperar uma valorização digna da classe, nos
desliguem do universo da palavra escrita e oral e do compromisso, da missão
bela de ensinar. Lembremos: é preciso continuar a acreditar em rosas. Elas
podem nascer no quintal de nossa sala de aula se o jardineiro que somos souber
regá-las, aparar-lhes as pontas, as arestas, cuidar do jardim que virá. O
perfume só se dá a perceber depois de longa jornada de investimentos,
trabalhosa jornada, semeadura fértil. Acredito
que, desta forma, conseguiremos fazer com que nossos alunos e alunas, saibam a hora certa de colher seus botões de
rosas: nem antes, nem depois. No tempo certo.
E nós, os docentes-jardineiros,
conservemos a semeadura, cantando,
ouvindo o barulho da criação entre os alunos, tomando como delícia as
oportunidades de aprender e ensinar, certos de que há algo a inventar, sempre a
inventar.
( Quão gratificante é ver os frutos
maduros, as flores desabrochadas, as árvores esplendorosas. As vidas se tornando extraordinárias. )
DICA DA SEMANA
NEM UM OU NENHUM?
Esta é uma dúvida freqüente entre os
falantes da língua portuguesa, ainda mais quando é preciso colocar no papel.
Vejamos uma regra simples:
# Nem um
equivale a "nem sequer um",
"nem ao menos um":
Ex.: "Não te darei nem um real a mais";
"Comeram tudo, não restou nem uma empadinha para contar história";
"O treinador, por sinal, não gostou nem um pouco da forma como a tabela
determina os jogos".
# Nenhum
é pronome indefinido, o contrário de "algum":
Ex.: "Nenhum brasileiro está livre da
violência"; "Nenhum candidato tem essa unanimidade"; "O
jornal dedicou-lhe quatro matérias, nenhuma delas favorável".