segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

TEXTO PUBLICADO NO JORNAL POLO DIA:14/02

“ PEQUENOS PRÍNCIPES: DESAFIO PARA A FAMÍLIA E PARA A ESCOLA!”            
Lich, mehr licht !“ ( luz, mais luz!). Goethe, o maior literato alemão, em 1833, já em seu leito de morte, pronunciou estas  derradeiras palavras. Uma frase instigante, não apenas sob o aspecto histórico, mas antes de tudo, sob o aspecto simbólico e atitudinal.  Acredito que não haja problema que se resolva sem que projetemos alguma ou muita luz sobre.
Pois é! Estamos, a cada ano letivo que se inicia, com um velho dilema e problema: como trabalhar, lidar, ensinar, esta geração de alunos que se apresentam!?      Qual é o papel real da escola e da família na vida destas crianças? É um debate amplo e contínuo de décadas, que chega quase no ápice.
                Nas minhas férias li vários artigos e depoimentos sobre esta questão. Chamou-me a atenção a visão da psicanalista e pesquisadora do núcleo de psicanálise da USP, Marcia Neder, autora do livro “ Déspotas Mirins – O Poder nas Novas Famílias.”  ( Zagodoni Editora, 2012). Ela coloca que  cada vez mais uma nova geração de “ déspotas mirins” se apresenta como dona do poder na família e traz novos desafios para a escola. Esclarece que eles são agressivos, mimados e mandões. Tudo precisa ser feito para eles e na hora que eles demandam. Tal comportamento, cada vez mais presente em casa e na escola, faz destas crianças, pequenos sem limites que acreditam ser o centro do mundo. Ela defende que, com a perda de poder do pai na família, quem ganhou espaço foi a criança. Para ela, os pequenos tiranos são frutos não só da educação dada pelos pais hoje, mas também de um contexto social que coloca a criança como centro do mundo na família. O século XIX foi instituído como o ‘ século da mãe’, quando a sociedade  passou a ter um adulto, a mãe, designado para orbitar em torno da criança.” Isso é uma das grandes sementes do despotismo infantil”, analisa a escritora.
                Bem, se antes os pais exigiam respeito e obediência, hoje preferem ser amados e aprovados pelas crianças, uma vez que têm  pouco tempo para os filhos e compensam deixando a criança fazer o que quer.  As consequências dessa mudança vão além de birras. Na escola, o déspota mirim desafia professores e recusa-se a seguir as regras da instituição e esse conflito é comum em todas as classes sociais. “ O aluno se tornou cliente na escola. Tudo isso desfavorece o professor, que seria representante do adulto que educa na escola. Se os pais não têm poder dentro de casa, a criança buscará a mesma soberania na escola,” esta é a conclusão da pesquisadora.
                Eu sou professora 60 horas/semanais.  Fui mãe e pai ao mesmo tempo  na educação das minhas filhas e, até a pouco tempo, minha família era uma constituição das famílias modernas, sem a presença paterna. Lidar com uma adolescente de 14 anos e outra criança de 6 anos neste contexto mundial, garanto que não é tarefa fácil. Realmente eles possuem argumentos, se posicionam com personalidade, possuem o poder do convencimento. São “ nativos digitais” com uma inteligência nata. A criança se sente com poder de decisão: já decide o que comprar, escolhe os presentes. Ela não nos enxerga como pais que comandam ou orientam. Ela se vê  como igual.
                Como encarar tudo isso? Por que  é tão difícil? Acredito que colocar limites é o nosso grande desafio, mas como há um desgaste nas relações autoritárias entre nós e nossos filhos, que estão sendo substituídas por modelos mais democráticos de relacionamento, esta tarefa é melindrosa. Nessa visão de sermos  autoritários abandonamos o papel de estabelecer para nossos filhos o que pode e o que não pode.  Na escola a questão se agrava, pois ela sai do privado e vai para uma instituição pública. Ela passa a fazer parte de um grupo e precisa lidar com a noção de direitos e deveres.
                Todos  concordamos, porém, numa coisa: a criança precisa de um norte, de saber até onde ela pode ir. Temos que ser agora, escola e família, parceiros, para que juntos possamos encaminhar esta nova geração, assustadoramente inteligente e propensa a  ser uma geração  de inseguros e por que não dizer, infelizes.
                ( Tenho que concordar com minha filha Bruna quando ela me diz: “ Mãe, você tem que ser mais mãe do que amiga!”)
                Então, vamos de Goethe: Lich, mehr licht! Muita luz para todos!

DICA DA SEMANA:
LAVAGEM OU LAVAÇÃO DE CARROS?
Falar em LAVAÇÃO de carro causaria justificada surpresa, já que a expressão corrente é LAVAGEM de carro, mas as duas formas estão corretas, tudo depende da colocação da palavra na frase.  Não há dúvida de   que LAVAGEM, entre outros sentidos, significa "restos de comida que se dão aos porcos", mas isso não quer dizer que a palavra não possa ser usado com outros significados. Tudo depende do contexto. Diante da expressão "lavagem de carro", ninguém irá pensar em comida para porcos. A palavra é usada, também, com diferentes sentidos, em expressões como LAVAGEM A SECO, LAVAGEM DE DINHEIRO, LAVAGEM CEREBRAL. Na medicina se fala em LAVAGEM do estômago ou do intestino.  Claro que existem também os substantivos LAVAÇÃO e LAVADA,m as seu emprego também depende do contexto. Fala-se, por exemplo, em tom depreciativo, de "LAVAÇÃO de roupa suja"; fala-se da LAVADA que determinado time levou.  Fonte(s): SOS Língua Portuguesa - Jovem Pan


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