quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

TEXTO PUBLICADO NO JORNAL POLO FOZ - 21/02



“ É PRECISO CONTINUAR A ACREDITAR EM ROSAS...”
“ Colham seus botões de rosas enquanto viçosos”, dizia o professor John Keating no célebre filme “ Sociedade dos poetas Mortos”. Por muitas vezes iniciei o ano letivo pronunciando esta frase e completando com o famoso “ Carpe Diem”( aproveite o dia) ,mas hoje quero dirigir-me aos colegas professores para lhes dizer que é preciso continuar acreditando em rosas e aproveitando o dia.
O  Prof. Dr. Romão que escreve editoriais para a revista “ Tantas Palavras”, publicou um texto que acho propício para este início de trabalhos escolares, no qual ele coloca que um professor se faz com o tempo, com as marcas de aulas, escritos, leituras, exercícios construídos em uma linha de saberes que são gestados como bebê no útero. Como botão de rosa que demora dias para se abrir, e não adianta apressar, gritar ou pedir clemência de espera: o instante da rosa se abrir precisa de outro dia para dar corpo à flor; ao docente/mestre, cabe algo parecido. O desejo de ensinar pode até estar posto em princípio, antes mesmo de entrar em uma sala de aula, mas o ato de se apossar do lugar de docente/mestre é algo que demora, reclama uma série de investimentos miúdos e contínuos no dia-a-dia que passam pela formação continuada  e pela persistência em querer encantar.  É preciso sentar diante da folha em branco e sentir o medo de escrever para poder experimentar o outro lado da janela, o papel de aluno em sua construção. Também faz-se necessário estudar com caneta em punho, dedicar-se a planejar, a executar, avaliar. Carlos Drummond dizia “aprendi novas palavras e tornei outras mais belas” – este é o mote para pensarmos no papel de docente/mestre: nós é que aprendemos, conseguimos esticar horizontes de palavras, permitir  a nós mesmos a beleza de conhecer e reconhecer-nos na descoberta. Nada mais do que isso já seria suficiente para deixar com inveja todos os outros profissionais, pois somos aqueles e aquelas que tornam a palavra mais bela e aprendemos com isso.  Meus colegas,  não permitamos que o tédio, que as práticas repetitivas, o cansaço de tanto esperar uma valorização digna da classe, nos desliguem do universo da palavra escrita e oral e do compromisso, da missão bela de ensinar. Lembremos: é preciso continuar a acreditar em rosas. Elas podem nascer no quintal de nossa sala de aula se o jardineiro que somos souber regá-las, aparar-lhes as pontas, as arestas, cuidar do jardim que virá. O perfume só se dá a perceber depois de longa jornada de investimentos, trabalhosa jornada, semeadura fértil.   Acredito que, desta forma, conseguiremos fazer com que nossos alunos e alunas,  saibam a hora certa de colher seus botões de rosas: nem antes, nem depois. No tempo certo.
E nós, os docentes-jardineiros, conservemos a  semeadura, cantando, ouvindo o barulho da criação entre os alunos, tomando como delícia as oportunidades de aprender e ensinar, certos de que há algo a inventar, sempre a inventar.
( Quão gratificante é ver os frutos maduros, as flores desabrochadas, as árvores esplendorosas. As vidas se tornando extraordinárias.  )
DICA DA SEMANA
NEM UM OU NENHUM?
Esta é uma dúvida freqüente entre os falantes da língua portuguesa, ainda mais quando é preciso colocar no papel. Vejamos uma regra simples:
# Nem um equivale a "nem sequer um", "nem ao menos um":
Ex.: "Não te darei nem um real a mais"; "Comeram tudo, não restou nem uma empadinha para contar história"; "O treinador, por sinal, não gostou nem um pouco da forma como a tabela determina os jogos".

# Nenhum é pronome indefinido, o contrário de "algum":
Ex.: "Nenhum brasileiro está livre da violência"; "Nenhum candidato tem essa unanimidade"; "O jornal dedicou-lhe quatro matérias, nenhuma delas favorável".


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