“ O MAL-ESTAR NA EDUCAÇÃO: DE QUEM É A CULPA?”
“Professores, Protetores... das crianças do
meu país. Eu queria, gostaria, de um discurso bem mais feliz, porque tudo é
educação, é matéria de todo o tempo... Ensinem a quem sabe de tudo a entregar o
conhecimento, pois é na sala de aula que
se forma um cidadão. Na sala de aula que se muda uma nação. Na sala de aula não
há idade, nem cor, por isso aceite e respeite o meu professor...!” Este
fragmento é da canção “ Anjos da Guarda” de Leci Brandão e toda vez que me
deparo com uma situação frágil, delicada da minha profissão, lembro-me dela e
de tantas outras. Não estamos em outubro para comemorar o dia do professor, nem
para fazer uma homenagem a minha profissão. Estamos no início do mês de março,
prestes a passar pelo carnaval, nos preparando para a copa do mundo e para
eleições. Então, por que falar do professor?
Porque, infelizmente, estamos
novamente num impasse com o governo estadual quanto ao cumprimento da lei do
piso nacional aprovada em 2008. Todo ano repete-se a mesma coisa: o piso é
garantido aos iniciantes, aos professores que possuem somente o ensino médio e
outros, como eu, com mais de 20 anos de magistério, assistindo as estratégias
do governo, suas artimanhas para não estendê-lo na carreira a todos os
profissionais da educação.
É importante que a comunidade
escolar saiba o que se passa. A diferença do vencimento de um professor com
pós-graduação na área, com 40 horas/semanais, quase no final da carreira, como
é o meu caso, com exatamente 25 anos, 9 meses e 9 dias de tempo de serviço,
para um professor somente com ensino
médio é de R$ 663,63. Fala- -se em estímulo, em amor à profissão... Pois
eu digo: realmente só fica quem tem amor
à profissão, quem tem vocação e para quem está em final de carreira. (Opa,
abro um parênteses: agora também há a procura de quem tem apenas o ensino
médio, pois é um salário razoável para quem não tem especialização.)
Gostaria de
deixar claro que em nenhum momento estou me manifestando contra meus colegas em
início de carreira. Pelo contrário: nossa última greve foi para garantir o
piso. Paramos 63 dias para lutar pelo que era nosso de direito, porém, sabemos que é somente assim que se consegue
algo: na pressão, na greve, na manifestação, no desgaste.
Vocês devem
estar se perguntando o porquê de eu
estou falando tudo isso. Pois eu digo: estamos prestes a ver deflagrada, mais uma vez, uma greve no estado de Santa
Catarina. Greve não é bom para ninguém. Os alunos são prejudicados, a
comunidade escolar é lesada, o professor sofre desgaste. Enquanto estamos prestes a
viver novamente esta situação em nosso estado, muita gente finge que nada está
ocorrendo. Vejo colegas preocupados somente com o aumento salarial, quando a
luta do sindicato é muito maior do que isso: passa pela valorização, em todos
os sentidos!
Ao
escrever, estou me lembrando também que a Educação transforma pessoas e liberta
pessoas e, como sempre, me veio à mente
a definição de como a Educação pode ser perigosa. Ela é um perigo para
mandatários que têm pavor de um povo pensante. A Educação pode mudar a
realidade de um povo na medida em que cidadãos tomem as rédeas, mudem a forma
como se faz política e não aceitando serem escravizados, serem pensados. A Educação e seu abandono necessitam de
análises todos os dias. Se a Educação funcionar neste país, as coisas mudam e,
por isso mesmo, muita gente tem medo do estrago que uma boa Educação pode
trazer.
Sou muito otimista e isto é algo empolgante. A
Educação não morreu, apesar de, às vezes parecer. Ela está em coma, mas deu
sinal de melhoras e com muita luta vamos tirá-la deste estado vegetativo.
Uma saudação para nós, os guerreiros da
Educação, que não estão fugindo de sua luta e ainda tentando realizar o sonho,
não tão utópico assim, de uma Educação valorizada, com profissionais
valorizados.
A
Educação vive, e isso eu não preciso lembrar, pois eu vivo isso.
DICA DA SEMANA
Minha
filha Antônia de 6 anos me apareceu esta semana com esta pergunta: “ Mãe, o Y é
vogal ou consoante?” Fiquei literalmente de boca aberta, pois é uma pergunta
complexa para uma criança nesta idade. Respondi de uma forma que ela pudesse
entender, mas questionei-me, também, de que esta podia ser a dúvida de várias
pessoas. Então vamos tentar esclarecer:
Com o Novo Acordo Ortográfico nosso alfabeto
passou de 23 letras para 26 com a inclusão das letras K – Y e W e estas obedecem às regras
gerais que caracterizam consoantes e vogais. Consoante é um fonema pronunciado
com a interrupção do ar feita por dentes, língua ou lábios. Já a vogal é um
fonema pronunciado com a passagem livre do ar pela boca. Seguindo essas regras,
o Y é uma vogal, já que foi traduzido do alfabeto grego como I e mantém esse
som nas palavras em que é usado, como em ioga. Quando aportuguesada, a palavra
originalmente grafada com Y passa a ser grafada com I - como em iene, moeda
japonesa. O K corresponde, em português, ao som do C ou QU - como vemos em
Kuait - sendo considerado consoante. Já o W deve ser empregado de acordo com
sua pronúncia na língua original, isto é, ora com som de V, quando proveniente
do alemão (como Wagner), ora com som de U, quando de origem inglesa (caso de
web). Com isso, a letra W é considerada consoante ou vogal, conforme o uso.