sexta-feira, 7 de março de 2014

TEXTO PUBLICADO NO JORNAL POLO FOZ - 28/02



“ O MAL-ESTAR NA EDUCAÇÃO: DE QUEM É A CULPA?”
 “Professores, Protetores... das crianças do meu país. Eu queria, gostaria, de um discurso bem mais feliz, porque tudo é educação, é matéria de todo o tempo... Ensinem a quem sabe de tudo a entregar o conhecimento, pois  é na sala de aula que se forma um cidadão. Na sala de aula que se muda uma nação. Na sala de aula não há idade, nem cor, por isso aceite e respeite o meu professor...!” Este fragmento é da canção “ Anjos da Guarda” de Leci Brandão e toda vez que me deparo com uma situação frágil, delicada da minha profissão, lembro-me dela e de tantas outras. Não estamos em outubro para comemorar o dia do professor, nem para fazer uma homenagem a minha profissão. Estamos no início do mês de março, prestes a passar pelo carnaval, nos preparando para a copa do mundo e para eleições. Então, por que falar do professor?
Porque, infelizmente, estamos novamente num impasse com o governo estadual quanto ao cumprimento da lei do piso nacional aprovada em 2008. Todo ano repete-se a mesma coisa: o piso é garantido aos iniciantes, aos professores que possuem somente o ensino médio e outros, como eu, com mais de 20 anos de magistério, assistindo as estratégias do governo, suas artimanhas para não estendê-lo na carreira a todos os profissionais da educação.
É importante que a comunidade escolar saiba o que se passa. A diferença do vencimento de um professor com pós-graduação na área, com 40 horas/semanais, quase no final da carreira, como é o meu caso, com exatamente 25 anos, 9 meses e 9 dias de tempo de serviço, para um professor  somente com ensino médio é de R$ 663,63. Fala-   -se em estímulo, em amor à profissão... Pois eu digo: realmente só fica quem  tem amor à profissão, quem tem vocação e para quem está em final de carreira.   (Opa, abro um parênteses: agora também há a procura de quem tem apenas o ensino médio, pois é um salário razoável para quem não tem especialização.)
Gostaria de deixar claro que em nenhum momento estou me manifestando contra meus colegas em início de carreira. Pelo contrário: nossa última greve foi para garantir o piso. Paramos 63 dias para lutar pelo que era nosso de direito, porém,  sabemos que é somente assim que se consegue algo: na pressão, na greve, na manifestação, no desgaste.
Vocês devem estar se perguntando o  porquê de eu estou falando tudo isso. Pois eu digo: estamos prestes a ver deflagrada,  mais uma vez, uma greve no estado de Santa Catarina. Greve não é bom para ninguém. Os alunos são prejudicados, a comunidade escolar é lesada, o professor sofre desgaste. Enquanto estamos prestes a viver novamente esta situação em nosso estado, muita gente finge que nada está ocorrendo. Vejo colegas preocupados somente com o aumento salarial, quando a luta do sindicato é muito maior do que isso: passa pela valorização, em todos os sentidos!  
Ao escrever, estou me lembrando também que a Educação transforma pessoas e liberta  pessoas e, como sempre, me veio à mente a definição de como a Educação pode ser perigosa. Ela é um perigo para mandatários que têm pavor de um povo pensante. A Educação pode mudar a realidade de um povo na medida em que cidadãos tomem as rédeas, mudem a forma como se faz política e não aceitando serem escravizados, serem pensados. A Educação e seu abandono necessitam de análises todos os dias. Se a Educação funcionar neste país, as coisas mudam e, por isso mesmo, muita gente tem medo do estrago que uma boa Educação pode trazer.
 Sou muito otimista e isto é algo empolgante. A Educação não morreu, apesar de, às vezes parecer. Ela está em coma, mas deu sinal de melhoras e com muita luta vamos tirá-la deste estado vegetativo.
 Uma saudação para nós, os guerreiros da Educação, que não estão fugindo de sua luta e ainda tentando realizar o sonho, não tão utópico assim, de uma Educação valorizada, com profissionais valorizados.
A Educação vive, e isso eu não preciso lembrar, pois eu vivo isso.

DICA DA SEMANA
Minha filha Antônia de 6 anos me apareceu esta semana com esta pergunta: “ Mãe, o Y é vogal ou consoante?” Fiquei literalmente de boca aberta, pois é uma pergunta complexa para uma criança nesta idade. Respondi de uma forma que ela pudesse entender, mas questionei-me, também, de que esta podia ser a dúvida de várias pessoas. Então vamos tentar esclarecer:
                  Com o Novo Acordo Ortográfico nosso alfabeto passou de 23 letras para 26 com a inclusão das letras K – Y e W e estas obedecem às regras gerais que caracterizam consoantes e vogais. Consoante é um fonema pronunciado com a interrupção do ar feita por dentes, língua ou lábios. Já a vogal é um fonema pronunciado com a passagem livre do ar pela boca. Seguindo essas regras, o Y é uma vogal, já que foi traduzido do alfabeto grego como I e mantém esse som nas palavras em que é usado, como em ioga. Quando aportuguesada, a palavra originalmente grafada com Y passa a ser grafada com I - como em iene, moeda japonesa. O K corresponde, em português, ao som do C ou QU - como vemos em Kuait - sendo considerado consoante. Já o W deve ser empregado de acordo com sua pronúncia na língua original, isto é, ora com som de V, quando proveniente do alemão (como Wagner), ora com som de U, quando de origem inglesa (caso de web). Com isso, a letra W é considerada consoante ou vogal, conforme o uso.

           


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