quinta-feira, 20 de março de 2014

TEXTO PUBLICADO NO JORNAL POLO FOZ - 07/03



“ PELA SAUDADE QUE ME INVADE ...”
Acabou o carnaval. Agora o ano começa a andar, em todos os sentidos. Sente- se, na quarta-feira de cinzas, um quê de “ já acabou” para alguns, mas para outros um quê de alívio.  Meu pai de 74 anos é um desses que sentiu alívio: pela barulheira, pelas extravagâncias, pelos excessos. Confesso que até eu, fã de carnaval,  estou aliviada. Sabem do que sinto saudades? Do velho e bom carnaval de São Carlos. Os grupos, blocos e escolas de samba trabalhavam unidos, durante meses. Fazia-se  ensaios, bordava-se as roupas, esperava-se o grande momento de desfilar na rua, ladeada pelo público ansioso para ver as fantasias e os carros alegóricos. ( E lá  no final do desfile, divertir-se com o bloco dos sujos com sua irreverência.)
            O que vemos hoje não é mais carnaval. Transformou-se numa festa de rua que somente ficou com o nome. As boas marchinhas não são nem lembradas. Os sambas enredos e o bom samba raiz, nem cogitados pelas bandas. (De vez em quando um pagode e axé.) Porém, o que mais me preocupa não é a questão da música, pois, acreditem-me, a maioria não está nem aí com a qualidade e o repertório musical. A questão é andar, caminhar, dançar e olhar, e olhar muito. Fiquei no sábado observando o público. Os de mais idade, dançando, curtindo, conversando com os companheiros; mas o que mais eu via eram adolescentes zanzando de um lado para o outro.  Vi na minha frente uma adolescente, com uns 16 anos ( se tinha tanto) beijando cada um que passava e numa questão de pouco tempo havia beijado cinco garotos diferentes. Como diz a letra de um funk: “ Hoje é ficar, não namorar. Quem chegar, pega. Hoje é beijar em quantidade, não há qualidade. Quem chegar, é só babar...” Olha, sou bem liberar e aberta com várias questões, mas neste ponto sou bem careta. Sempre digo para minha filha Victória e suas amigas que  moral é tudo o que se tem. Conquistá-la, construí-la, é uma tarefa árdua e contínua, porém, perdê-la, é um tapa, um piscar de olhos. E não há como recuperá-la. É como um cristal quebrado: nunca mais será o mesmo.
            Sou a favor de tudo que deixe as pessoas mais felizes, mas felizes de verdade. Não ilusão de momento, não uma alegria de faz de conta. Sou contra tudo que é exagerado, extremado, que passa do limite. Não que tenhamos que ser normais, seguir linhas e regras impostas, pois concordo com Caetano Veloso quando diz que “de perto ninguém é normal...” Realmente, ninguém o é. Temos que colocar “... os cornos pra fora e acima da manada”, segundo Gal Costa em sua canção Vaca Profana. É uma questão de sobrevivência, até; porém, com os pés no chão, racionalidade e emoção caminhando juntas.
            Ousar sermos felizes, com responsabilidade. Como diz meu marido: não existem más companhias. Cada um é a sua companhia e a sua influência.
 Então, vai a dica: que cada um seja uma boa companhia para si mesmo. Lembrem-se: cada um é responsável pelos seus atos e a lei da ação e reação, não falha. Pode tardar, mas não falha!

DICA DA SEMANA
Bem, no mesmo lugar, no mesmo ambiente, um erro recorrente. Até rimou, o que não era a intenção. Eu havia, há alguns anos, falado para algumas pessoas responsáveis pelo carnaval de Águas de Chapecó sobre a palavra femInino utilizada na entrada do banheiro para mulheres.   Fiquei feliz quando vi de longe que  haviam corrigido. Decepção quando cheguei perto. A placa nova, estampada em tamanho grande na frente, estava correta ( não tão correta: banheiros feminino – plural/singular), mas  a placa antiga, menor, na entrada do banheiro, ficou do mesmo jeito, com o mesmo erro: femEnino.
Lugares públicos devem primar pela correta grafia, pois várias pessoas frequentam o ambiente. Os erros pequenos dão a mostra de que há falta de atenção. Artisticamente falando: as partes é que formam o belo do todo.
Fica novamente a dica.... Veremos no ano que vem!

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