terça-feira, 27 de maio de 2014

“ CEM ANOS DE SOLIDÃO”




 “É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos, nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver.”
Sábias palavras do grande escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez que desencarnou neste último dia 17. Considerado um dos autores mais importantes do século XX, foi também jornalista, editor, ativista e político. Foi um dos escritores mais admirados e traduzidos no mundo, com mais de 40 milhões de livros vendidos em 36 idiomas.
Foi laureado com o Nobel de Literatura em 1982 pelo conjunto de sua obra, que entre outros livros incluiu o aclamado Cem Anos de Solidão. Este romance em referência nos traz personagens que padecem de solidão, não só pelo isolamento, mas, sobretudo, pelo próprio estado de espírito que caracteriza o passar do tempo para a família protagonista, Buendía.
No início do livro o autor traça a genealogia da família, que sugiro aos leitores que seja observada e retomada durante a leitura para melhor compreensão. A solidão é o estado de espírito que passa de geração para geração, como um rio que segue seu curso até o rumo final. No caso da família Buendía que se envolve em revoluções, inventos, amores na casa grande e na senzala, corrupções, a identidade da América Latina vai sendo delineada, tendo como instrumento narrativo o realismo mágico. É exatamente nesse ponto que se destaca a prodigiosa imaginação do autor que sabe como ninguém construir a realidade por meio do que cremos ser verdade. Por trás dos malabaristas de seis braços, do ancião de quase duzentos anos que havia vencido o duelo de repentes, do padre que levita 12 centímetros do chão, da mulher que come areia, dos filhos que nascem com rabo de porco, tapetes voadores, uma população inteira que perde a memória, almas penadas, o homem que arrasta em torno de si um cortejo de borboletas amarelas, existe a história contada da solidão de um continente que se construiu de uma maneira própria.
Poderemos experimentar, tanto nesses símbolos, quanto nos mitos e rituais, a expressão de uma realidade última. Jung cita em sua obra que “o homem pode viver as coisas mais surpreendentes, se elas tiverem sentido para ele. Mas a dificuldade é criar esse sentido”. Nós somos seres de uma imaginação inexplicável, tão inexplicável que as coisas acontecem e achamos que é obra do acaso: mas tudo, exatamente tudo, aconteceu antes num cantinho da nossa cabeça. A materialização vem depois da imaginação.  A rede Globo de televisão relançou no ano de 2013 a novela Saramandaia: simplesmente fantástica! Quem assistiu, ao ler o livro de Márquez, irá encontrar semelhanças ao analisar a questão do preconceito e das diferenças individuais. 
A trajetória de uma família descrita em cem anos, uma geração vivida em cem anos, uma história que pode ser de qualquer família: cem anos de vida, de peculiaridades, de excentrismos, de sonhos, de lutas, de amor  e de solidão: isto é o que o leitor vai viver ao adentrar neste mundo mágico de Márquez. Uma leitura indispensável.
Acredito que seja essa a nossa necessidade: encontrar um bom mito que dê significado para a nossa existência, já que viemos ao mundo para fazer o nosso caminho solitário.
Um escritor reconhecido por todos: Gabriel García Márquez será sempre inovador. E eterno.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

TERMINA HOJE INSCRIÇÕES PARA O ENEM



Termina hoje, 23 de maio, o prazo para inscrições ao Exame Nacional de Ensino Médio – ENEM. Para se inscrever é preciso acessar o site do ENEM ( Enem.inep.gov.br) e preencher os campos solicitados.
Alunos: não percam esta oportunidade, pois essa é a única forma de ingresso para algumas Universidades, entre elas a UFFS que oferece pela primeira vez vagas para o curso de medicina.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Acesse
 http://olimpiadadalinguaportuguesa.blogspot.com
e compartilhe desta maravilhosa experiência pelo mundo das palavras.

Diário de Bordo do curso de capacitação de docentes da 29ª GERED.

“NADA É IMPOSSÍVEL DE MUDAR!"



Eugen Berthold Friedrich Brecht foi um poeta, romancista, dramaturgo e teórico renovador  da cidade de Augsburg, Alemanha. Alguns devem pensar que sou ousada em querer falar de um escritor desta magnitude, que tinha uma visão de  humanidade e de sociedade muito além do seu tempo. Pois eu mesma considero uma ousadia e não me atrevo a analisar sua obra, nem falar de suas convicções, mas não posso deixar de mencionar e comentar alguns de seus escritos que cada vez são mais atuais. Brecht é uma época. Uma época tumultuosa de rebeldia e de protesto. Refletem-se, em suas obras, os problemas fundamentais do mundo atual: a luta pela emancipação social da humanidade.  Brecht vai além: colocou sua obra literária a serviço da política. E eu diria mais, e aí sim eu ouso: a serviço de uma compreensão melhor de cada um de nós, espiritual e holisticamente falando.

Num de seus poemas ele escreve: "Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso: Eu não era negro! Em seguida levaram alguns operários, mas não me importei com isso: Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis, mas não me importei com isso, porque eu não era miserável. Agora estão me levando, mas já é tarde: Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo." Pois é bem assim: enquanto não acontece com a gente mesmo, enquanto não sentimos nós mesmos na pele, muitas vezes não nos importamos e deixamos tudo correr por conta própria. E ao final de tudo, quando não se importarem mais com a gente, ainda nos daremos ao direito de reclamar. Sei que não podemos salvar o mundo, mas podemos contribuir e torná-lo um lugar melhor de se viver. Somos uma consciência coletiva que exerce um poder fora do comum em tudo que acontece a nossa volta e, principalmente, pelo que acontece dentro de nós mesmos.

“Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.” Esta é uma das frases deste escritor que mais me fez pensar até hoje. Sempre tendemos a analisar o fato por si só. Esquecemos do principal: o que fez este fato ser fato. Toda conseqüência teve uma causa. Procuramos soluções para tantas coisas e muitas vezes nem conhecemos bem o problema. Corremos às cegas e nos desgastamos à toa.

Eu já falei uma vez que sempre compreendi o significado da palavra política em sua essência: maneira de agir com habilidade, quer seja, no grupo familiar, no grupo de amigos, no trabalho, quer seja, em sua forma mais ampla de governar um país, um estado, uma cidade. Respiramos política diariamente em todas as suas instâncias, queiramos ou não. É o funcionamento da vida organizada. Neste contexto Brecht escreveu dizendo que o pior analfabeto é o político, porque ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. E o escritor, de forma agressiva até, sentencia dizendo que “o analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.” E o mais chocante em suas palavras é quando finaliza enfaticamente afirmando que “não sabe este imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos: o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio...” Não há como não considerá-lo corajoso ao fazer tais afirmações. E eu completaria dizendo ainda que desses ignorantes, burros, nascem outros ignorantes, os que ignoram! Estes últimos ficam ainda mais alheios a tudo, pois lhes é negado o direito de “acordar” e viver de forma mais digna. Estes são os que “se deixam pensar pelos outros.”
Crítico em tudo que escrevia ainda advertiu o leitor a desconfiar do mais trivial e examinar, sobretudo, o que é habitual. Nos pede que não aceitemos o que é de hábito, a coisa natural, pois numa confusão, numa arbitrariedade, numa desordem, numa desumanizada humanidade, nada deverá parecer natural. E completa: “nada deverá parecer impossível de mudar.” Concordo plenamente, pois somos homens, seres muito úteis...e temos um grande defeito: sabemos pensar!

( Maria Célia/2014)


terça-feira, 20 de maio de 2014

UNIVERSIDADE DE COIMBRA ACEITA ALUNOS PELA NOTA DO ENEM




O Enem agora também será aceito na Universidade de Coimbra, em Portugal, como anunciaram o Ministério da Educação e a própria universidade, na última quinta-feira – 15/05. É a primeira instituição estrangeira a aceitar o Enem como critério de seleção e ele valerá já este ano para os candidatos a vagas de graduação. A Universidade de Coimbra é a instituição portuguesa de ensino superior mais antiga e tem cerca de 23 mil estudantes, sendo mais de 2 mil brasileiros.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

“ CANTAR A BELEZA DE SER UM ETERNO APRENDIZ!”

Por que esta tristeza imensa nos invade? Por que nos sentimos tão incapazes de nos suportar em algumas situações? Como é bom poder culpar as pessoas pela nossa desgraça, blasfemar dizendo que só acontece com a gente, que o mundo é contra nós, blá, blá, blá.... Chorar, desanimar, recolher-se num casulo que na verdade é um abismo, fugir... Temos um trabalho excelente, que nos realiza, uma família, filhos adoráveis, um companheiro, uma companheira, casa confortável... Portanto, o que falta?
Pois eu digo: todos temos o direito de entristecer, xingar, reclamar, querer nos recolher num mundinho só nosso. A tristeza é um pedido da alma. É um pedido de socorro de que algo não está certo, é um processo de cura. Este vazio, esta cobrança, é individual, de cada um. A grande questão é: quanto tempo ficar nesta lamúria, neste abismo! Sempre digo que não é fácil o embate conosco mesmos, mas é o único caminho. Pergunto: como podemos querer fugir de nós? Como podemos, ao mesmo tempo, conviver conosco mesmos? Osvaldo Montenegro no poema Metade diz “ que o convívio comigo mesmo seja ao menos suportável.” É isso mesmo: temos que aprender a conviver com nossos medos, nossas angústias, com o chamado da alma, conviver suportável e confortavelmente com nossas limitações. Aceitar-nos como seres em aprendizagem constante e imperfeitos. O que é contado em tempo cronológico é nossa idade física: a alma não tem idade (nem sexo). Nascemos com uma carga de conhecimentos de várias experiências espirituais, mas Deus em sua perfeição, não nos deixa lembrar de tudo de uma vez só. Ele vai revelando aos poucos, conforme vamos evoluindo e merecendo. Aqui estamos, neste plano terreno, vivendo uma existência de provas, experiências, lições e aprendizagem construtiva. Devemos lembrar que “Não somos seres humanos numa experiência espiritual, mas seres espirituais numa experiência humana!”
Existe um  conceito psicológico emprestado da física chamado resiliência e ele é definido como a capacidade  que temos  de lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir a situações adversas, sem entrar em surto psicológico. A  resiliência nada mais é do que  uma tomada de decisão quando nos deparamos com dificuldades, externas ou internas, e a vontade de vencer. E se analisarmos bem, diariamente estamos superando obstáculos, tirando as “ pedras do meio do caminho”, movidos por uma forte vontade de vencer.
Mesmo diante de tantas adversidades, de tantos “ leões que matamos por dia”, temos que agradecer pela oportunidade da vida, da interação, do abraço amigo, da palavra de consolo. Agradecer pela dor e pela lágrima: elas nos tornam pessoas melhores e oportunizam nossa cura interior. “Deus não nos dá carga maior do que suportamos,” ouve-se sempre. Pura verdade!
Como dizia Gonzaguinha: “ Viver e não ter a vergonha de ser feliz! “ Afinal de contas não estamos sozinhos: temos a nós mesmos! (E uns aos outros!)


quarta-feira, 7 de maio de 2014

“ DE PERTO NINGUÉM É NORMAL...!”



A frase-título deste artigo é de uma música de Caetano Veloso e consegue relatar o que realmente acho dos seres humanos. Muitos tentam seguir na normalidade, se dizendo tradicionais, dentro dos bons costumes, mas não percebem que em qualquer adversidade, ou quando são acuados, ou seus interesses ameaçados, surge um outro das entranhas que estava somente dormindo.
O bem e o mal existem dentro de cada um de nós. Eles não estão em nós em estado absoluto, mas todos nós somos um pouco dos dois. Dependendo da circunstância, escolhemos entre um e outro. O que nos diferencia dos outros animais e o que nos dá a característica de sermos bons ou maus é o senso de moralidade que nos é inerente. Ao contrário, por exemplo, do cachorro ou do cavalo, o homem, à princípio, sempre sabe quando está fazendo uma ação boa ou ruim. A moralidade é universal na humanidade. Ela não muda de cultura para cultura. Qualquer homem, de qualquer cultura, sabe o que é certo ou errado e o que é uma ação boa ou má.
O fato dos homens terem uma moralidade em comum, no entanto, não os iguala em suas ações. Significa apenas que eles têm um ponto de partida em comum para, a partir dele, fazerem as suas escolhas morais. Em determinada circunstância, alguns escolhem ser bons, outros escolhem ser maus. Em outras circunstâncias, as escolhas são feitas novamente. As escolhas nem sempre são livres: pessoas podem agir de determinada forma porque são tementes a Deus ou porque temem represálias humanas, ou ainda, as escolhas podem ser limitadas por diversas contingências da vida. As escolhas entre ser bom e ser mau são feitas quando interagimos com outras pessoas. Em todas as esferas da vida interagimos com outras pessoas. Dessas interações nascem relações de poder, pode ser no âmbito familiar, do trabalho, ou em qualquer outro.
            As pessoas para se manterem no poder tendem a agir maquiavelicamente. Maquiavel em sua obra-prima O Príncipe diz que o objetivo principal de uma pessoa em posição de poder deve ser: “se manter no poder.” Ele lembra que um Príncipe deve agir de forma pragmática para se manter no poder, ou seja, sem pensar em imperativos morais. As ações devem ser sempre dissimuladas, às vezes cruéis, às vezes covardes, às vezes generosas quando se quer algo em troca. Não importa o valor moral delas: isto é irrelevante. Tudo deve ser feito para o Príncipe se manter no poder. E quantos Príncipes vivem entre nós, fazendo de tudo para manterem- -se no poder? Diz uma frase, que não lembro de quem é a autoria: “Dê poder a uma pessoa se queres conhecê-la.” Algumas pessoas não conseguem nem sequer disfarçar o vislumbre que o status e o poder lhes dão: o ego, simplesmente, infla e as atitudes chegam a assustar. Eu penso: era um vulcão em repouso e agora em erupção solta a lava sem direção. Salve-se quem puder (e quem quiser)!
Quem opta por agir maquiavelicamente faz uma escolha legítima. Afinal, é melhor mandar que obedecer e só manda quem detém poder. Obviamente, também existem desvantagens em agir desta forma. Muitas desvantagens, pois o senso de moralidade existe até no Príncipe maquiavélico.
Mas, afinal, não devemos tratar aos outros da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados? Esta também é uma forma de ação legítima. O que impede, então, as pessoas agirem desta forma? O fato dessa atitude ser essencialmente desinteressada: agimos assim porque sabemos que é o correto, não porque estamos visando um ganho próprio. Além do mais, ela requer uma consideração aos interesses alheios e até mesmo uma cessão de poder a outras pessoas, coisa difícil de se fazer quando o interesse próprio fala mais alto.
No tempo em vivemos acredito que é certamente nosso dever “fazer todo o bem que pudermos, para todas as pessoas que pudermos, e de todos os modos que pudermos”. Mas a escolha é de cada um: O Bem e o Mal estão sempre à espreita.

DICA DA SEMANA
Na manchete de uma revista com previsões astrológicas dizia: Como será seu futuro daqui pra frente? Autores de frases como essa não podem esperar muito de seu futuro, a não ser que se corrijam. Ao pensarem como foi seu passado daqui pra trás, não encontrarão forças daqui pra frente, rumo ao futuro...