Por que esta tristeza imensa nos invade? Por que nos sentimos
tão incapazes de nos suportar em algumas situações? Como é bom poder culpar as
pessoas pela nossa desgraça, blasfemar dizendo que só acontece com a gente, que
o mundo é contra nós, blá, blá, blá.... Chorar, desanimar, recolher-se num
casulo que na verdade é um abismo, fugir... Temos um trabalho excelente, que nos
realiza, uma família, filhos adoráveis, um companheiro, uma companheira, casa
confortável... Portanto, o que falta?
Pois eu digo: todos temos o direito de entristecer, xingar,
reclamar, querer nos recolher num mundinho só nosso. A tristeza é um pedido da
alma. É um pedido de socorro de que algo não está certo, é um processo de cura.
Este vazio, esta cobrança, é individual, de cada um. A grande questão é: quanto
tempo ficar nesta lamúria, neste abismo! Sempre digo que não é fácil o embate
conosco mesmos, mas é o único caminho. Pergunto: como podemos querer fugir de nós?
Como podemos, ao mesmo tempo, conviver conosco mesmos? Osvaldo Montenegro no
poema Metade diz “ que o convívio comigo
mesmo seja ao menos suportável.” É isso mesmo: temos que aprender a
conviver com nossos medos, nossas angústias, com o chamado da alma, conviver
suportável e confortavelmente com nossas limitações. Aceitar-nos como seres em
aprendizagem constante e imperfeitos. O que é contado em tempo cronológico é
nossa idade física: a alma não tem idade (nem sexo). Nascemos com uma carga de
conhecimentos de várias experiências espirituais, mas Deus em sua perfeição,
não nos deixa lembrar de tudo de uma vez só. Ele vai revelando aos poucos,
conforme vamos evoluindo e merecendo. Aqui estamos, neste plano terreno,
vivendo uma existência de provas, experiências, lições e aprendizagem
construtiva. Devemos lembrar que “Não
somos seres humanos numa experiência espiritual, mas seres espirituais numa
experiência humana!”
Existe
um conceito psicológico emprestado da física
chamado resiliência e ele é definido como a capacidade que temos
de lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir a situações
adversas, sem entrar em surto psicológico. A
resiliência nada mais é do que uma tomada de decisão quando nos deparamos com
dificuldades, externas ou internas, e a vontade de vencer. E se analisarmos
bem, diariamente estamos superando obstáculos, tirando as “ pedras do meio do caminho”, movidos por
uma forte vontade de vencer.
Mesmo diante de tantas adversidades, de tantos “ leões que matamos por dia”, temos que
agradecer pela oportunidade da vida, da interação, do abraço amigo, da palavra
de consolo. Agradecer pela dor e pela lágrima: elas nos tornam pessoas melhores
e oportunizam nossa cura interior. “Deus
não nos dá carga maior do que suportamos,” ouve-se sempre. Pura verdade!
Como dizia Gonzaguinha: “ Viver e não ter a vergonha de ser feliz! “ Afinal de contas não
estamos sozinhos: temos a nós mesmos! (E uns aos outros!)
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