A frase-título deste artigo é de uma música de Caetano
Veloso e consegue relatar o que realmente acho dos seres humanos. Muitos tentam
seguir na normalidade, se dizendo tradicionais, dentro dos bons costumes, mas
não percebem que em qualquer adversidade, ou quando são acuados, ou seus
interesses ameaçados, surge um outro
das entranhas que estava somente dormindo.
O bem e o
mal existem dentro de cada um de nós. Eles não estão em nós em estado
absoluto, mas todos nós somos um pouco dos dois. Dependendo da
circunstância, escolhemos entre um e outro. O que nos diferencia dos outros
animais e o que nos dá a característica de sermos bons ou maus é o senso
de moralidade que nos é inerente. Ao contrário, por exemplo, do cachorro
ou do cavalo, o homem, à princípio, sempre sabe quando está fazendo uma
ação boa ou ruim. A moralidade é universal na humanidade. Ela não muda de
cultura para cultura. Qualquer homem, de qualquer cultura, sabe o que
é certo ou errado e o que é uma ação boa ou má.
O fato
dos homens terem uma moralidade em comum, no entanto, não os iguala em suas ações.
Significa apenas que eles têm um ponto de partida em comum para, a partir dele,
fazerem as suas escolhas morais. Em determinada circunstância, alguns escolhem
ser bons, outros escolhem ser maus. Em outras circunstâncias, as escolhas são feitas
novamente. As escolhas nem sempre são livres: pessoas podem agir
de determinada forma porque são tementes a Deus ou porque
temem represálias humanas, ou ainda, as escolhas podem ser limitadas por
diversas contingências da vida. As escolhas entre ser bom e ser mau são
feitas quando interagimos com outras pessoas. Em todas as esferas da vida
interagimos com outras pessoas. Dessas interações nascem relações de
poder, pode ser no âmbito familiar, do trabalho, ou em qualquer outro.
As
pessoas para se manterem no poder tendem a agir
maquiavelicamente. Maquiavel em sua obra-prima O Príncipe diz que o
objetivo principal de uma pessoa em posição de poder deve ser: “se manter no poder.” Ele lembra
que um Príncipe deve agir de forma pragmática para se manter no poder, ou
seja, sem pensar em imperativos morais. As ações devem ser sempre
dissimuladas, às vezes cruéis, às vezes covardes, às vezes generosas
quando se quer algo em troca. Não importa o valor moral delas: isto é
irrelevante. Tudo deve ser feito para o Príncipe se manter no poder. E
quantos Príncipes vivem entre nós,
fazendo de tudo para manterem- -se no poder? Diz uma frase, que não lembro de
quem é a autoria: “Dê poder a uma pessoa
se queres conhecê-la.” Algumas pessoas não conseguem nem sequer disfarçar o
vislumbre que o status e o poder lhes dão: o ego, simplesmente, infla e as
atitudes chegam a assustar. Eu penso: era um vulcão em repouso e agora em
erupção solta a lava sem direção. Salve-se quem puder (e quem quiser)!
Quem opta por agir
maquiavelicamente faz uma escolha legítima. Afinal, é melhor mandar que
obedecer e só manda quem detém poder. Obviamente, também existem
desvantagens em agir desta forma. Muitas desvantagens, pois o senso de
moralidade existe até no Príncipe maquiavélico.
Mas, afinal, não devemos tratar
aos outros da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados? Esta também é
uma forma de ação legítima. O que impede, então, as pessoas agirem desta forma?
O fato dessa atitude ser essencialmente desinteressada: agimos assim porque
sabemos que é o correto, não porque estamos visando um ganho próprio. Além
do mais, ela requer uma consideração aos interesses alheios e até mesmo
uma cessão de poder a outras pessoas, coisa difícil de se fazer quando o
interesse próprio fala mais alto.
No tempo em
vivemos acredito que é certamente nosso dever “fazer todo o bem que pudermos, para todas as pessoas que pudermos, e de
todos os modos que pudermos”. Mas a escolha é de cada um: O Bem e o Mal
estão sempre à espreita.
DICA DA SEMANA
Na manchete de uma
revista com previsões astrológicas dizia: Como
será seu futuro daqui pra frente? Autores de frases como essa não podem
esperar muito de seu futuro, a não ser que se corrijam. Ao pensarem como foi seu passado daqui pra trás, não
encontrarão forças daqui pra frente, rumo ao futuro...
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